A população idosa
brasileira vem aumentando desde a década de 1950, quando apenas 4% dos
brasileiros tinham mais de 60 anos. em 2005 15% da população brasileira tinha
mais de 60 anos de idade e ainda, que esta em 2025 será a sexta maior população
idosa do mundo, com cerca de 32 milhões de pessoas acima de 60 anos (Shouri Jr.
et. al., 1994).
Frente a esses dados,
parece haver uma necessidade de novos olhares para os idosos, de uma forma a
que se comece a pensar em como aproveitar esta fase da vida. Essa preocupação é
amplamente estudada na Psicologia Evolutiva, mas se preocupa somente no sentido
de que as atividades de lazer necessitam estar em evidência, mas o certo é que
a adaptação frente a uma nova fase de vida é a maior dificuldade enfrentada
pelos idosos, pois fica a pergunta, será mesmo que é somente lazer que o idoso
quer?
A pessoa idosa, na
maioria dos casos, começa a formar de si mesma uma imagem negativa, resultante
de um conjunto de idéias e atividades vindas da sociedade. Assim, a certa
altura da vida, o indivíduo aceita sentir-se velho, significando que ele já não
é mais o que costumava ser, e para piorar, juntamente com as várias limitações
impostas pelo envelhecimento, vem paralelamente à aposentadoria, que atrapalha
financeira, psicológica e socialmente a estrutura do idoso. Muitos chegam a
pensar que a velhice é sinônimo de doença e fraqueza, e que tanto o vigor
físico como a saúde jamais estará à sua disposição.
É necessário que se
modifique essa visão, e considere que para o indivíduo idoso, na aposentadoria,
a vida não acabou, apenas terminou uma fase, portanto há ainda outras fases a
viver ativamente, e com certeza não é fazendo ginástica, excursões ou trabalhos
manuais, alegando que isso é qualidade de vida para o idoso até que a morte
chegue após 15 ou 20 anos.
Na tentativa de
modificar essa fase de vida, foi criada a faculdade da terceira idade, muitos
idosos a estão freqüentando, mostrando que tem capacidade para continuar
aprendendo, e depois? Irão ser aproveitados em algum trabalho relacionado com
este aprendizado? Este aprendizado os leva a um trabalho compatível com as
limitações da idade? Positivamente isso prova que o idoso não perde a
capacidade de aprender, e isso mantém seu cérebro processando novas
informações. Se o cérebro não é ativado com novas informações, o que geralmente
acontece é que, ao se aposentar, o indivíduo não é mais requisitado a utilizar
sua memória recente, conhecida como memória de trabalho, e que se refere a
fatos do cotidiano. Sem se submeter à correria do dia-a-dia, que exige a
realização de muitas tarefas, essa função é praticamente descartada pelo
cérebro. Ele, então, dá prioridade a outro tipo de memória, a remota, que o
remete a lembranças do passado distante. Quanto mais ativo o cérebro se
mantiver, menor será o número de sinapses (ligações entre os neurônios)
perdidas por causa do envelhecimento.
A tão sonhada
aposentadoria não pode representar simplesmente parar de trabalhar, e sim a
troca de ocupação por uma mais agradável. Para isso, é preciso investir e se
preparar evoluindo em busca da especialização.
O ideal é que a busca
por uma velhice saudável comece antes e não depois que os anos começam a pesar.
Ou seja, a pessoa deve programar-se para envelhecer e não ser tomado de
surpresa pela aposentadoria.
Investimento, embora
seja uma palavra arraigada a finanças, pode muito bem fazer parte do
vocabulário de quem prepara o terreno para que solidão e marasmo passem longe
da velhice. Investir nas relações sociais, em atividades extra-profissionais e
no próprio equilíbrio emocional é fundamental.
Quem passa a maior
parte da vida adulta voltado para o trabalho tende a sentir-se inútil quando
chega a aposentadoria. E por falar em aposentadoria, esta deve ser vista não
como um período em que a pessoa tem tempo para fazer tudo aquilo que o trabalho
não permitia. O que está terminantemente proibido é entregar-se ao ócio.
São inúmeros os
exemplos de pessoas que continuam a ter uma vida produtiva e criadora mesmo
após terem entrado no estágio da vida em que são consideradas idosas. Em muitos
casos, é neste período que se dá a sua contribuição mais significativa para a
sociedade. Seja voce também integrante desse grupo.
(João Wagner Pereira - Sociedade Brasileira de
Neurociência)
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